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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Pedro Guimarães, um poço sem fundo

    "A atitude covarde – ou cúmplice – de Jair Messias, apenas reforça que, para ele, mulher é um ser humano feito para ser acossado, ofendido e desprezado"

    Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

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    Por Eric Nepomuceno, para o 247 

    A cada dia surgem mais e mais denúncias de acosso e assédio feitos por Pedro Guimarães, o menino de ouro de Jair Messias. E não só acosso e assédio físicos, mas também morais.  

    Guimarães não agia sozinho. Contava com a cumplicidade de pelo menos um dos vice-presidentes da Caixa Econômica e de vários chefes e chefetes nomeados por ele.

    Quanto mais esse caldeirão é mexido mais podridão vem à tona. E essa podridão mostra que as ações desse cafajeste asqueroso eram de pleno conhecimento no prédio da Caixa, mas ninguém fez nada para impedir que continuassem acontecendo. Foi preciso que um grupo de valentes mulheres resolvessem denunciar formalmente Pedro Guimarães e sua laia.

    E então ficamos sabendo que ele não estava estreando no ofício de assediador: havia vários antecedentes registrados pelo menos de 2004 para cá. Fica a pergunta pairando no ar: o brilhante Paulo Guedes, cuja inutilidade só é comparável à sua prepotência, não sabia disso que no mercado financeiro era mais que sabido?  

    Qualquer investigação prévia recomendada pelos órgãos de inteligência na hora de contratar alguém para posto de confiança no governo – e ainda mais com o peso de presidir a Caixa Econômica – indicaria os antecedentes de Pedro Guimarães.

    De duas, uma: ou a tal investigação foi tremendamente mal feita, ou a dupla Jair Messias-Guedes resolveu passar por cima do que se sabia.

    É bem verdade que vivemos numa sociedade machista, racista, desigual, abusadora da fragilidade alheia, profundamente ignorante e basicamente conservadora. Assediar e acossar mulheres é parte dos costumes mais nefastos, sempre existiu tanto no setor privado como no público.

    Diante disso, qual a razão de tanto escândalo com o caso Guimarães? Em primeiro lugar, pela visibilidade concedida a ele por Jair Messias. Em segundo, pelo alto cargo que ocupava. Terceiro, porque não só ele mas sua equipe de assessores mais próximos agiam em conjunto para sufocar as assediadas que resistiam. E quarto, porque o número de denúncias de acosso e assédios não só de caráter sexual, mas também moral, aumentou muito.  

    Essas denúncias se espalham por todos os ministérios, até no da Mulher, encabeçado por uma aberração ambulante chamada Damares Alves.  

    Se em 2019, primeiro ano de Jair Messias na presidência, foram 155 denúncias, em 2021 foram 251. E só no primeiro semestre deste fatídico 2022, esse número chegou a 214.

    A atitude covarde – ou cúmplice – de Jair Messias, que se negou a expulsar o protegido do posto que ocupava e não abriu o bico para se solidarizar com as denunciantes, apenas reforça o que já se sabia: para ele, mulher é um ser humano feito para ser acossado, ofendido e desprezado.  

    Sabemos todos que as denúncias representam uma parte ínfima dos casos que realmente aconteceram. Mas ainda assim, e considerando-se as jornadas de trabalho, em 2022 foi uma denúncia por semana.  

    Sim, sim, são crimes – mais que ofensas – que sempre existiram. Mas não no nível e no grau do governo de um presidente que, além de desequilibrado, tosco e mentiroso, sempre se destacou pelo seu machismo, seu racismo, enfim, tudo aquilo que de pior pode existir num ser humano.

    As investigações continuam, as denúncias também. Mais novidades surgirão. Quanto a Pedro Guimarães, abandonado por Jair Messias, por Paulo Guedes, por todo mundo, seu destino é seguir em alta velocidade até o fundo do poço de onde jamais deveria ter saído.  

    Ou, quem sabe, uma cela de cadeia. Onde conhecerá o que fazem os demais presos com quem age como ele agiu.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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